quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ENTREGA

...Fui feita silenciosamente, dia a dia, com a precisão
da tua Engenharia...
Minha mente e minha lógica, previamente estudadas,

transformaram-se em cálculos e fórmulas de um projeto

a que chamastes de "escrava em construção"
Deletaste a palavra "renúncia" da minha mente. No

lugar dela colocastes "unidade", porque querias uma

escrava/parceira que nunca perdesse a individualidade.
E nesse momento a primeira regra era escrita:
"Te proíbo de te anulares, te quero pensante."
Depois era a vez da palavra "adoração" ser
deletada e substituída por "admiração

E nesse momento aprendi que assim como as
escravas, os Doms também têm limites,
fraquezas e erros.
E escrevestes a segunda regra:
"Não me endeuse, admire-me e respeite-me
como homem, falível e com limitações"
A próxima palavra a ser deletada era
"obediência cega"

E passastes a escrever a terceira regra:
"Questione sempre e tudo".
Que sentido tem o castigo, se quem o recebe
não conhece as razões?
Era chegada a vez da palavra rebeldia. E a ela

destes grande destaque.
E contruistes a escrava que se rebela

quando não recebe atenção.
E assim aprendi que falta de atenção e carinho
não são castigos, mas demonstrações

de insegurança e de imaturidade.

E veio então o arremate final. Com a palavra
liberdade, quase a ofuscar todas as outras,
terminavas a minha construção.
E pela primeira vez, questionei e rebelei-me,

como fui programada por ti a reagir.
E com a maestria do Criador... me mostraste então
a personalidade final da tua criatura.
Livre, independente, rebelde, imponente e

guerreira. Incapaz de curvar-se a quem
quer que seja.

Diante dessa visão, senti raiva e indignação
pelo resultado da tua construção... e quando tentei
reagir... deparei-me com o seu olhar firme e sereno
a me perguntar "Tem algo para me dizer?
... E de olhos baixos e alma curvada respondi...

"Não, Senhor..."
E com um sorriso vitorioso...assinastes e
destes nome a escrava construída e regida
pelos teus (e hoje nossos) princípios e desejos...

Victoria


Quem será que me chega na toca da noite.
Vem nos braços de um sonho que eu não desvendei...

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